O Projeto Sarau Com Drummond foi realizado na escola E.E Batista Renzi durante o 2º bimestre do ano letivo de 2016 com o objetivo de incentivar a leitura de autores da literatura clássica brasileira.
Os alunos realizaram pesquisas, declamaram poesias, criaram peças de teatro e musicaram poesias de Carlos Drummond de Andrade. A apresentação final do sarau ocorreu durante os dias 9 e 10 de junho de 2016 e envolveu professores e alunos do Ensino Médio e do Ensino Fundamental.
Organização do projeto: Professora Ramilca Andrade e Professor Rafael Lopes
Participação: Professores e alunos da E.E Batista Renzi
O Blog da Revista Expor é um projeto pedagógico que tem por objetivo oportunizar um espaço para a exposição e divulgação de ideias, conhecimentos ,informações, projetos,pesquisas, opiniões e produções textuais de alunos e professores da E.E Batista Renzi
Sejam todos bem-vindos!
sábado, 12 de novembro de 2016
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
Conto: Autora da própria história
Um
novo ano, mais uma vez ficaria sozinha, a timidez sempre me atrapalhou para
fazer amizades, e as mudanças repentinas também. Meu pai, um homem de negócios,
sempre viajando a trabalho, presente para os sócios e ausente para a família.
Minha mãe, chefe dos bombeiros, salva vidas de desconhecidos e não me viu
pedindo por socorro. Sempre me virei sozinha, a solidão já era de casa, mas
tudo bem, estou à vontade.
As
aulas começarão amanhã e eu não espero algo de interessante, sempre que me
apego a um lugar ou alguém eu me mudo, o trabalho de minha mãe é puxado e ela
sempre muda de unidade. Lembro-me da última vez que me apeguei a pessoas, sinto
saudade, infelizmente não posso mais abraçá-los.
Há
dois anos eu tinha amigos, a gente se dava bem, costumávamos ir a uma praça
cheia de árvores e a primavera lá era linda. O chão se enchia de flores e o
pôr-do-sol visto de lá era encantador, aliás tudo lá era encantador.
Meus
amigos e eu íamos a um passeio de ônibus municipal mesmo, a cidade ao lado ia
fazer um festival e queríamos muito ir. O caminho durava apenas uma hora, mas
eu sentia que o caminho duraria menos, tudo bem era apenas uma sensação. Já
estávamos a meia hora no ônibus, o tempo passou rápido, a conversa nos distraia
bastante e em meio as risadas o ônibus virou bruscamente em uma curva, eu não
sei ao certo, mas ele capotou, deu muitas voltas, via tudo girando, meus amigos
gritavam, pediam socorro e choravam, imaginei nosso fim ali mesmo. Depois da
capotada eu abri meus olhos, eles estavam cheios de ferimentos e machucados,
tentei perguntar se estavam bem, não recebi resposta, ao tentar levantar caí,
minhas pernas estavam bambas, fechei meus olhos e ao fundo ouvi as sirenes,
minha última lembrança deles.
Acordei
no hospital, minha mãe me resgatou. Ao perguntar dos meus amigos, ela apenas
abaixou a cabeça e disse que ninguém daquele ônibus sobreviveu, apenas eu.
Naquele momento meu coração se entristeceu, tentei ser forte, mas as lágrimas
saíram sem pedir permissão.
Depois
da morte deles eu não consegui fazer amigos, a palavra “amigos” me fazia
chorar, eu não me aguentava, para acabar com esse sentimento ruim, me proibi de
fazer amizade e a timidez tomou conta de mim.
Enfim,
o dia amanheceu e eu fui para a escola, precisava garantir meu futuro. Primeira
aula, evitei falar com as pessoas, mas não fui mal-educada. Umas meninas vieram
falar comigo, eu particularmente não gostei muito até porque percebi que me
daria bem com elas.
Os
dias se passaram, e eu conversei bastante com as meninas, me apeguei, todo o
meu esforço para me afastar foi em vão. Annabeth, Natália e Beatrice se
tornaram ótimas amigas em muito pouco tempo, contei minha história achando que
nos afastaria, só que apenas nos aproximamos mais, fiquei feliz.
Em
um fim de semana qualquer, eu as convidei para ir a um lugar especial, aquela
praça do pôr-do-sol encantador, sim eu tinha voltado para a cidade de meus
falecidos amigos. Depois de conhecê-las eu não fiquei mais triste de lembrar de
lá, porque eu entendi que assim como as flores murcham e suas pétalas caem, as
pessoas se vão e nos deixam lembranças boas.
Aquela
praça, era época de primavera, as pétalas estavam no chão, lindas como sempre.
Decidi viver minha vida feliz e sem mágoa, pois se eu estou feliz tudo em volta
também fica, eu atraio o que transmito.
A
minha relação com a minha mãe melhorou desde que comecei a pensar desse jeito,
agora tudo estava bem e eu mesma consegui transformar minha história de
tristeza para alegria. Sou eu que escrevo minha própria história.
Mayara Ueda Massatoshi
1º A
Conto: A morte do Lírio
Uma única
flor, uma única menina, florescendo nas trevas. Um triste e solitário botão de
lírio, uma jovem adolescente que não esperava nada da vida, sua única motivação
eram os lírios, flores que originavam seu nome, Yuri, sua única esperança em
relação ao inferno em que vivia.
A jovem morava
com seus pais adotivos, sem nenhuma conversa, nenhum carinho, sem nenhum amor,
apenas brigas e gritos, era quase como uma escrava. Seus únicos dias “livres”
eram os finais de semana, seus pais viajavam e a deixavam sozinha, fazendo
todas as tarefas da casa, era seu tempo de paz... mesmo que eles a agredissem
todas as sextas.
Os pais
biológicos de Yuri morreram num assassinato muito brutal, então devido ao
trauma, ela que tinha apenas cinco anos se esqueceu de quase tudo, o resto foi
guardado no fundo de suas lembranças. Ela foi levada para um orfanato, onde
sofria bullying das crianças mais velhas por tentar proteger as mais novas, ela
ficou lá até os nove anos.
Quando ela foi
adotada, sua nova mãe estava grávida, desde o dia que chegou lá era tratada
como escrava. Então, uma vez, apenas uma vez, ela tentou contrariá-los, ela
apanhou tanto que não pôde ir à escola por duas semanas, suas refeições foram
cortadas e sua mãe ficou tão nervosa que perdeu o bebê, o que fez com que eles
brigassem ainda mais com a menina e assim ela passou a nunca mais contrariar os
pais, mesmo que não parasse as agressões.
Ela passou
três anos, apenas obedecendo, até que que sua mãe finalmente conseguiu ter uma
filha, Margareth, mas quem realmente cuidava era Yuri, trocava as fraldas, dava
banho, acordava de noite para cuidar dela etc., consequentemente elas ficaram
muito ligadas, os pais a tratavam bem, pois era do sangue deles, mas o
tratamento de Yuri continuava o mesmo, mas não a agrediam na frente da filha.
Um pouco antes
de Margareth completar quatro anos, ela desapareceu, ninguém sabia o que havia
acontecido, ou fingiam que não sabiam, e como de costume os pais descontaram a
raiva em Yuri, ela apanhou tanto que decidiu fugir de casa, já não aguentava
mais.
O que eles não
sabiam é que em uma noite, o pai chegou bêbado e ouviu a pequena Margareth
tentando abrir a geladeira para pegar um copo de leite, o pai bêbado pegou a
menina e levou-a para a floresta e agrediu, ela era frágil e não resistiu a
tais agressões. O pai um pouco assustado e sem saber o que fazer enterrou a
filha lá mesmo, e voltou para casa como se nada tivesse acontecido. No dia
seguinte, suas memórias estavam confusas graças a bebida e ele culpou Yuri.
Na calada da
noite, Yuri juntou suas poucas coisas, pegou um pouco de dinheiro e comida e
saiu vagando sozinha pela cidade, pensando na irmãzinha, passando por ruelas
escuras e vazias, ainda com as dores e os hematomas da última agressão...
Ela tinha
muito medo do que poderia acontecer se os seus pais a encontrassem, por isso
nunca tentou fugir, mas agora era diferente, naquela casa só haviam
ressentimentos e medos, então ela simplesmente correu, correu sem olhar para
trás, sem rumo, era como se o mundo tivesse parado, tudo que ela ouvia eram
seus passos e sua respiração ofegante... A brisa noturna batia em seu rosto e
fazia as suas lágrimas voarem, e uma linda lua cheia observava sua partida.
Andou até o
amanhecer, pensando na reação de seus pais quando percebessem que ela fugiu,
quando vissem que tudo que eles fizeram foi errado, mas naquele momento o único
sentimento que nascia em seu peito era o medo, então ela pôs-se a correr
novamente, para um lugar onde ninguém a conhecesse, onde ela pudesse recomeçar,
mas como recomeçaria? Onde ia arranjar dinheiro? E os estudos? Quando ela
pensou em todas as dificuldades parou de correr, suas pernas tremiam e a
insegurança batia.
Uma chuva
repentina fez com que ela se abrigasse embaixo de uma ponte, não era tão
estranho que chovesse naquela época, era uma chuva de verão. Horas mais tarde,
a chuva ainda continuava, a menina cansada de esperar saiu, levando toda sua
insegurança, entrou na chuva fria, ela já não sabia se o que escorria em seu
rosto eram gotas de chuva ou suas próprias lágrimas.
Andou mais um
pouco, sentiu seu corpo ficar pesado e de repente desmaiou, após andar na chuva
forte sem guarda-chuva e não ter se alimentado corretamente ela pegou um
resfriado, ela ardia em febre, sofrendo sozinha e longe de “casa”. Até que uma
família que passava por ali socorreu-a.
Eles a levaram
para casa e cuidaram dela, até que ela recobrou a consciência, no começo ela
ficou assustada, afinal era a primeira vez que a tratavam tão gentilmente, mas
ela foi se acostumando, e antes que ela pudesse perceber eles eram como uma
verdadeira família. Ela se sentia realmente feliz.
Essa família
tinha uma floricultura, Yuri sempre teve interesse em flores e adorava ajudar
no serviço, até que um dia seus pais adotivos apareceram, ela não fez nada além
de correr, ela iria voltar ao inferno de antes se não fugisse. Enquanto corria
ela perguntava-se como foi encontrada, eles vinham logo atrás gritando seu
nome, então Yuri pensou:
“Prefiro
morrer agora que ainda estou feliz! Vou mostrá-los o meu fim, e assim eles
nunca se esquecerão de mim! ”
Correu em
direção ao caminhão que vinha pela rodovia e então o botão de lírio que nem
abriu já murchou e caiu.
Lilian Yuki Nagayassu 1º ano A
(Professora Márcia Bonani)
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