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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Conto: Autora da própria história



                Um novo ano, mais uma vez ficaria sozinha, a timidez sempre me atrapalhou para fazer amizades, e as mudanças repentinas também. Meu pai, um homem de negócios, sempre viajando a trabalho, presente para os sócios e ausente para a família. Minha mãe, chefe dos bombeiros, salva vidas de desconhecidos e não me viu pedindo por socorro. Sempre me virei sozinha, a solidão já era de casa, mas tudo bem, estou à vontade.
                As aulas começarão amanhã e eu não espero algo de interessante, sempre que me apego a um lugar ou alguém eu me mudo, o trabalho de minha mãe é puxado e ela sempre muda de unidade. Lembro-me da última vez que me apeguei a pessoas, sinto saudade, infelizmente não posso mais abraçá-los.
                Há dois anos eu tinha amigos, a gente se dava bem, costumávamos ir a uma praça cheia de árvores e a primavera lá era linda. O chão se enchia de flores e o pôr-do-sol visto de lá era encantador, aliás tudo lá era encantador.
                Meus amigos e eu íamos a um passeio de ônibus municipal mesmo, a cidade ao lado ia fazer um festival e queríamos muito ir. O caminho durava apenas uma hora, mas eu sentia que o caminho duraria menos, tudo bem era apenas uma sensação. Já estávamos a meia hora no ônibus, o tempo passou rápido, a conversa nos distraia bastante e em meio as risadas o ônibus virou bruscamente em uma curva, eu não sei ao certo, mas ele capotou, deu muitas voltas, via tudo girando, meus amigos gritavam, pediam socorro e choravam, imaginei nosso fim ali mesmo. Depois da capotada eu abri meus olhos, eles estavam cheios de ferimentos e machucados, tentei perguntar se estavam bem, não recebi resposta, ao tentar levantar caí, minhas pernas estavam bambas, fechei meus olhos e ao fundo ouvi as sirenes, minha última lembrança deles.
                Acordei no hospital, minha mãe me resgatou. Ao perguntar dos meus amigos, ela apenas abaixou a cabeça e disse que ninguém daquele ônibus sobreviveu, apenas eu. Naquele momento meu coração se entristeceu, tentei ser forte, mas as lágrimas saíram sem pedir permissão.
                Depois da morte deles eu não consegui fazer amigos, a palavra “amigos” me fazia chorar, eu não me aguentava, para acabar com esse sentimento ruim, me proibi de fazer amizade e a timidez tomou conta de mim.
                Enfim, o dia amanheceu e eu fui para a escola, precisava garantir meu futuro. Primeira aula, evitei falar com as pessoas, mas não fui mal-educada. Umas meninas vieram falar comigo, eu particularmente não gostei muito até porque percebi que me daria bem com elas.
                Os dias se passaram, e eu conversei bastante com as meninas, me apeguei, todo o meu esforço para me afastar foi em vão. Annabeth, Natália e Beatrice se tornaram ótimas amigas em muito pouco tempo, contei minha história achando que nos afastaria, só que apenas nos aproximamos mais, fiquei feliz.
                Em um fim de semana qualquer, eu as convidei para ir a um lugar especial, aquela praça do pôr-do-sol encantador, sim eu tinha voltado para a cidade de meus falecidos amigos. Depois de conhecê-las eu não fiquei mais triste de lembrar de lá, porque eu entendi que assim como as flores murcham e suas pétalas caem, as pessoas se vão e nos deixam lembranças boas.
                Aquela praça, era época de primavera, as pétalas estavam no chão, lindas como sempre. Decidi viver minha vida feliz e sem mágoa, pois se eu estou feliz tudo em volta também fica, eu atraio o que transmito.
                A minha relação com a minha mãe melhorou desde que comecei a pensar desse jeito, agora tudo estava bem e eu mesma consegui transformar minha história de tristeza para alegria. Sou eu que escrevo minha própria história.



Mayara Ueda Massatoshi 1º A

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